O que faz a cabeça

No meio dessa tonelada de informação vinda de todos os lados, é complexo chegar à conclusão do que é relevante para a ciência de milhões de pessoas. Afinal de contas, podemos assistir novela, ler o caderno de esportes, navegar por uma fofoquinha aqui e alí. É o ópio.

Veja aí as manchetes dos jornais em horário nobre, líderes em audiência; Até acontecer algo que dê pano para mudar o assunto, algum acontecimento heróico ou alguma catástrofe, vão acompanhando um crime e outro. Os espectadores precisam ter a consciência de que a mídia hoje escolhe o que você deve ou não saber, e enquanto os holofortes apontam quase que exclusivamente para uma notícia ou outra - o envolvimento de fulano, ou o filho de sicrano, a escolha do novo técnico, e a copa de 2014 -, o tempo não pára e o mundo não espera por ninguém, as contas vão chegar e o seu emprego ainda não apareceu, a geladeira está vazia, seu filho está sem creche e as eleições estão aí. 'Até quando você vai levando porrada?'

A informação é imposta muitas vezes como verdade absoluta, só ela fala, e você não tem tempo para pensar se concorda ou não, e este é sempre o momento de agir de forma seletiva, dar valor ao que é de merecimento, e não deixar-se alienar.

 

Minha intenção não é de ficar aqui chovendo no molhado, mas todos sabemos que a memória do brasilero é péssima, como prova a inacreditável reeleição de candidatos que, por mais escancarado que seja seus antecedentes, ganham a confiança do povo. O meu conselho é que se aguce a curiosidade pelo que acontece fora do quadrado do quarto, mesmo que seja uma tímida olhada pela janela, para perceber com o que querem nos distrair, para ver o que tem acontececido, para ver a realidade.

Fica o grito.

Camila Siqueira